Gaita e Piano

Salvem! Ando enfiado em ocupações vestubuláricas e resta-me pouco ou nenhum tempo para compartilhar a boa música celta com este blog.
Enfim, hoje resolvi tirar uma folga e, vejam, gravei eu mesmo uma música, no piano e na gaita!
Devem conhecê-la, referi-me a ela como a primeira música de influência celta que ouvi; minhas habilidades como gaitista ainda são precárias, e como pianista ando bastante enferrujado, mas o resultado até que saiu divulgável!
Espero que gostem!

http://bayfiles.com/file/16NB/lq1t4s/Concerning_Hobbits.wav

ATUALIZAÇÃO: Comunico que, em decorrência do recente aniversário, fui presenteado com uma tin whistle - instrumento típico da música celta e irlandesa, assimilado à flauta doce, porém de som mais agudo e claro, e a que me refiro neste blog (erroneamente) como flautim - e estou a tirar minhas primeiras notas dela. Logo mais, a incorporarei em gravações caseiras como essas.

Shepherd Moons


Ave, seleto grupo de apreciadores deste blog! Retorno de um período de vacas magras em termos postágicos com uma derivação interessante, porém controversa, da música celta.
Pessoalmente, tenho orgulho em dizer que aprecio a música de Eithne Patricia Ní Bhraonáin, ou Enya Patrícia Brennan, numa pronúncia anglo-saxônica. Naturalmente, acostumei-me com as feições de desgosto que vejo ao dizer isso. Mas apesar de alguns dos álbuns da Enya serem realmente inexpressivos ou mesmo ruinzinhos, a média é, sem dúvida, muito boa.
Shepherd Moons é sem dúvida o melhor conjunto de música New Age que se pode encontrar. É preciso um tanto de cuidado ao falar-se em New Age, pois o gênero, nascido da música celta contemporânea, engloba uma variedade de obras admiráveis e de lixões. Assegure-se, leitor, de que pode confiar na seleção deste redator.
Num geralzão, eis do que se trata Enya: músicas tranqüilérrimas, perfeitas para proporcionar reflexões, meditações, relaxamentos ou sonos; inteiramente cantadas e tocadas por certa irlandesa cujo nome em irlandês foi citado acima, e com letras compostas por uma certa Roma Ryan. Letras, essas, que são escritas numa grande variedade de línguas, de inglês e irlandês (estas últimas são escritas pela própria Enya) a Quenya e Sindarin (criadas pelo escritor J. R. R. Tolkien).
As composições são baseadas numa atmosfera mísitica, beirando mas não alcançando o cafona, e sintetizadores, mais um piano, uma gaita de foles, ou outro instrumento acúsico, com um coro incrível bastante comum, criado pela sobreposição de oitenta camadas da voz da cantora. Por fim, a letra é cantada pela grande Enya, com sua voz incrível.
Esse coro, de que falo, é o que introduz Shepherd Moons, com sua faixa homônima. Se é que há uma letra para esta música, ela está tão fluida entre o coro e o fundo musical que não se o distingüe. As duas primeiras músicas servem, talvez, como uma provação para o ouvinte; aquele que não for hipnotizado e cair no sono (não levando pelo lado negativo de cair no sono), terá a chance de apreciar um primor do New Age. Destaque para Book of Days, que, aos que apreciarem o som de Enya, deverá agradá-los talvez sobre todo o álbum.
Link nos comentários.

I Aldar - reedição

Aviso aos navegantes que, por algum motivo, o meu primeiro upload, I Aldar, foi tirado do ar, por motivos desconhecidos. Como considero que é um álbum notável, e como fiquei enfezado com esta descoberta, resolvi abandonar o Mediafire e refazer o upload pelo 4shared, o meu site de compartilhamento favorito.
Aproveitei, e adicionei umas músicas novas do Straight Furrow, que descobri.

http://www.4shared.com/file/WCmXlXUj/I_Aldar.html

Songs From the Labyrinth


A música de John Dowland, compositor renascentista, é aqui prestigiosamente interpretada por Eden Karamazov, virtuoso alaudista, e entoada por Gordon Matthew Summer, também conhecido por Sting.
Pois se o leitor esteve até agora esperando um álbum legitimamente renascentista, que tenha som, cheiro e gosto de Renascença, eis aqui a resposta para suas angústias.

Não há adjetivos que descrevam o alaudismo de Karamazov (de Sting, também, que toca alguns parentes deste instrumento), comparável (melhor, quem sabe) ao violonismo de Richard Searles. Aos que não sabem, trata-se de um ancestral do violão, de certa forma similar, composto de um braço mais largo, uma caixa acústica mais funda, e cordas duplas e mais numerosas; grosso modo, soa como um violão menos estridente e talvez mais sutil, tocado a dedilhado.
Sting, acompanhando Karamazov principalmente no archlute (perdoem o inglês), variação do alaúde, faz um vocal brilhante, digno de uma obra renascentista.

O disco traz, de vez em quando, alguns poemas recitados pelo vocalista, tratando, como as músicas, de temas amorosos.
Gravado pela Deutsche Grammophon, Songs From the Labyrinth é uma obra fabulosa, admirável, venerável por qualquer um que, neste blog, procure o pouco que existe da música antiga em suas melhores interpretações.

Link nos comentários.

Aqualung


Nada menos do que o grande primeiro sucesso do Jethro Tull, Aqualung foi escrito inteiro por Ian Anderson, com excessão da faixa homônima, escrita por sua então esposa.
Na capa, tem-se a imagem deste tal Aqualung, personagem sobre quem se canta no início do disco. Um pedófilo, talvez, um marginal, uma imagem da podridão da sociedade. O disco, a pesar de deixado claro pela banda não ser um "álbum-conceito", tem aí uma ideologia forte que transita pelas músicas. A saber: Anderson, que se diz algo entre deísta e panteísta, ataca a organização e institucionalização das religiões, culpando-as pelos desentendimentos, conflitos e misérias da sociedade.
O álbum é o primeiro grande sucesso da banda, e contém algumas de suas maiores pérolas, Aqualung, Up to Me, Hymn 43, Locomotive Breath. São algumas das mais fantásticas obras de Ian Anderson, bem temperadas com sua flauta e seu espírito folquico (não confundir com caipira americano, nem com a banda norueguesa), e, principalmente neste disco, com a guitarra elétrica de Martin Barre, que rendeu alguns reconhecimentos de melhores solos de guitarra.
Conta-se que o disco foi gravado no estúdio ao lado do que o Led Zeppelin gravava seu quarto disco.
Vale lembrar, por fim, uma anedota que se conta, de que o Tull tenha ganho o Grammy de 1989 de melhor banda de rock/metal, vencendo o Metallica e seu ...And Justice for All, e criando uma certa polêmica a respeito de não se tratar de uma banda de rock pesado, menos ainda de metal. Em resposta, Anderson teria dito "Well, we do sometimes play our mandolins very loudly". Foram alguns outros prêmios ganhos pelo Tull quando, em 1992, o Metallica ganhou o Grammy da categoria, Lars Ulrich, baterista da banda, teria agradecido, em primeiro lugar, o "Jethro Tull, por não ter lançado nenhum álbum neste ano".

Nos comentários, respectivamente, dispus torrents da versão de estúdio e ao vivo do disco, ambas majestosas.

Emerald Castles


Quem já ouviu Ancient Isles e Celtic Cross, postados nesse blog, conhece o estilo de Richard Searles, violonista, compositor e intérprete de música celta, medieval e renascentista.
Em um e outro lugar, vi este álbum classificado como Renascentista, mas devo discordar. Que o ouvinte me corrija se eu estiver errado, mas o que mais há entre essas músicas de Emerald Castles é o bom e velho celta. O ritmo vai de lento a animado, talvez te faça sentir o impulso louco de dançar algumas destas obras, mas, ao contrário de Dance of the Celts e Qëlthóne, esses celtas mais tradicionalzões, a maioria das faixas do Castles não usam estruturas melódicas tão simples, girando em torno de um ou dois temas por música (com excessão de uma ou outra).
Searles conta histórias com estas cordas, faz emanar de cada nota um sentimento que não ouso tentar descrever. A quem procurar uma explicação mais pragmática deste álbum, tente imaginar um híbrido de Ancient Isles e Celtic Cross, e, para quem já conhece o músico, de Scarborough Fair.

Aliás, não só o violão, como outros instrumentos, sopros e cordas, são até que abundantes neste disco. O que talvez dê esta impressão ocasional do renascentista seja o uso de uma percursão característica, semelhante a um pandeiro, mas cujo nome não me é conhecido. Talvez, também, isto seja decorrente do uso do oboé, em alguns momentos.

Talvez não tão próprio para uma apreciação tão dedicada quanto a de Ancient Isles, Emerald Castles não fica atrás de nada feito pelo Searles, e, conseqüentemente, de quase nada celta que já fez-se. E, para não deixar de comentar umas seletas faixas, falo de Morrison's Jig, primeira, cuja profundidade é estarrecedora e merece que se faça silêncio apenas para ouví-la.

Link nos comentários, e abraço a todos.

Ian Anderson


(Foto de Anabel Antinori.)
Foi de estarrecer.
Ian Anderson veio flautear e cantarolar em São Paulo ontem a noite, e foi ovacionado por este redator, que o assistiu a cerca de 5 metros de distância, na pista do Credicard Hall. Vi o que todo fã desta lenda da flauta e do progressivo deseja ver, vi os olhinhos de Anderson se esbugalharem, vi seu bigode se mexer, vi o cuspe saindo de sua boca e sua flauta descrevendo curvas no ar e reluzindo o som de Thick as a Brick.
Foram entoados os lássicos: Living in the Past, Thick as a Brick, Songs From the Wood, Aqualung, Up to Me, Budapest, Bourée, My God... mais uma e outra extra-recentes, uma composta na Índia, quando Anderson fazia shows lá, e outra a respeito de certo coelho que invadiu sua fazenda e teve fim trágico, proporcionado pelo cachorro do escocês.
O homem, muito simpático, conta uma e outra história, e apresenta suas músicas.
Não se descreve a emoção de ver e ouvir Ian Anderson a uma distância tão pequena.
O show foi terminado com uma versão extendida e recheadas de solos e improvisações de Aqualung e, minutos depois, coroado com Locomotive Breath, o melhor bis que um fã de Jethro Tull poderia pedir.

Anderson e o Jethro Tull serão com muito orgulho incluídos nas bandas apresentadas e comentadas neste singelo blog, a partir de agora. É a homenagem mínima que devo a este ídolo.
Trata-se de uma banda de rock progressivo que vem aí da década de 70 e 80 até hoje (hoje, contudo, sustentada mais por Anderson e outros músicos).
O homem que dá nome a esta postagem é o flautista, violonista, vocalista e outros istas desta banda. O que começou como uma banda de blues (vê-se a influência do blues bem marcada em Stand Up, segundo álbum da banda), foi se convertendo em algo bem puxado no celta e no folk (não entendamos folk como sinônimo de caipiras americanos), à medida que eles foram evoluindo.
Gaitista a princípio, Anderson tentou o violão/guitarra, mas deixou de investir no instrumento por não ter esperança de "ser tão bom quanto Eric Clapton". Passou a tocar flauta, e introduziu o intrumento no rock de forma inédita, a contragosto dos produtores da banda, que preferiam que Anderson deixasse de cantar e flautear e fosse tocar violão com os outros músicos.
A certa altura, pouco depois do sucesso de Aqualung, o músico arranjou-se em uma fazenda e impregnou-se de um espírito bucólico, passou a vestir-se de camponês nos shows, deixou que crescesse a barba, e fez Songs From the Wood, Heavy Horses, Stormwatch, e Thick as a Brick, este último sendo um álbum lendário, composto de uma única música homônima de 45 incansáveis minutos, todos com uma forte influência celta.
Mais adiante, o Jethro Tull foi tomando um rumo mais eletrônico, marcado por A, e terminado na época de Crest of a Knave, que ainda tem surtos célticos, e que levou ao mundo Budapest, maravilhosa obra de 10 minutos.
A seguir, a banda tomou um rumo hard-róckico, bem representados por Catfish Rising e Rock Island.
Com a separação da banda, Anderson continuou com carreira solo, no mesmo estilo - vide o primoroso The Secret Language of Birds -, levantando em muitos a idéia de que "Jethro Tull = Ian Anderson". O flautista interpretou suas músicas com a orquestra Neue Philharmonie Frankfurt, e lançou um álbum erudito: Ian Anderson Plays the Orchestral Jethro Tull, de alguma forma semelhante a A Classic Case, lançado pelo Jethro Tull anos antes.
A sua flauta ficou ausente em poucas músicas desde que apareceu na sua música, e seu carisma, seus trejeitos, pulos e estilo único nunca se ausentaram.
Ainda gaitista, Ian tinha o hábito (alguns dizem involuntário) de tocar em uma perna, e manter a outra erguida. A posição ganhou imagem e tornou-se marca registrada da banda e do flautista.

Que o leitor fique, aqui, não com um álbum, ainda, mas com quatro apresentações da banda em seus dias áureos. Respectivamente, Aqualung, Locomotive Breath, Songs From the Wood e Thick as a Brick.




Dance of the Celts - revisado e remontado


É este, amigos, o álbum por que estiveram esperando a vida toda, se esperavam pelo melhor álbum de música celta existente. Nem uma outra compilação, coletânea, álbum de banda única ou show é capaz de superar o som deste álbum/compilação.

Comprei nos Estados Unidos este tal de Dance of the Celts, cuja capa era essa aí e cujas músicas eram muitas das incluidas nesta compilação.
Umas acabaram sendo retiradas e adicionadas ao I Aldar, por exemplo. E muitas foram adicionadas, provenientes de inúmeros álbuns de qualidade inconstante. Outras também datam dos primeiros downloads celtas que fiz, que também originaram I Aldar. Dir-se-ia, com efeito, que trata-se do irmão animado de I Aldar.
O resultado foi uma coletânea homérica do melhor da música celta animada. Imagine o leitor um álbum feito todo de faixas como Catch the Moments as they Fly, de Celtic River (o álbum de aparência questionável, mas que surpreeende pelo conteúdo).

Os intrumentos usados são todos, às vezes com mais destaque em uns ou outros. Há aí um grupinho de faixas que beneficiam bastante o fiddle (nome genérico para violinos, rabecas, violas, etc, andei descobrindo), como The £5 Flute, The Butterfly, Irish Jig, Celtic Fiddle (oh, sim, as músicas que são puxadas de Lime Wires da vida recebem os mais originais nomes).
São usados tipos de gaitas de foles dos mais diversos (vide Piper's Legacy para explicação de gaitas de foles): Leis Lacha e The Hornpipes são performances estarrecedoras desses instrumentos; Irish Dance Music e Accordian Music têm o acordeão como voz principal, The Rosses Highlands a flauta, The Boy in the Gap as cordas, e Windhorse a flauta de pan com fundo em piano, em uma combinação meio neo-celta mas que não desagrada.

Dance of the Celts é uma coletânea que, na maioria dos casos, far-te-á sair a dançar como um Tom Bombadil, ante sua animação marcada, mas que em nenhum momento faz-se desagradável de aturar ou repetitivo (como ouvi algumas opiniões dizerem a respeito de Qëlthlóne). Faz-se também agradável a seqüência de músicas, cujos ritmos formam vales e colinas, alguns mais próprios para, sem cair na calmaria excessiva, desfrutar do descanso entre as pulâncias que uma e outra faixa provocarão.

Convém esclarecer o conceito de reel e jig, que, simplificadamente, referem-se a estilos musicais dancáveis característicos da música chamada folk européia, sobretudo de origens célticas (leia-se: francesas, inglesas, irlandesas, escocesas).
E aproveitando a onda de esclarecimentos, falo dos medleys, de presença reparável neste álbum. Consistem em alglutinações seqüenciais de melodias tocadas uma atrás da outra. Dessa forma, algumas vezes o ouvinte deparar-se-á com nomes extensos, repletos de separações por pontos-e-vírgula, que mostrariam como chamam cada uma das melodias tocadas neste medley.

Ora, se lhes fosse dada a opção de baixar apenas uma de todas as obras apresentadas neste blog, que baixe esta, pois ela contém a melhor, mais genuína e mais bem tocada música celta que já achei e que não acharei tão cedo novamente.

Tá súil agam go mbainfidh tú taitneamh.

Piper's Legacy


Quando achei Celtic River, achei também este outro, cujas espectativas não eram muito maiores do que as do primeiro, mas que também se revelou igualmente fabuloso.
Senhoras e senhores, um disco inteirinho para o deleite dos amantes da gaita de foles. Contrariando os que abominam este maravilhoso instrumento, digo que cada uma dessas músicas merece ser ouvida com dedicação e fascínio.
Aos que não sabem, a gaita de fole não se trata de um único instrumento, mas uma gama de deles, cada um desenvolvido e tocado em um país ou região da Europa; a mais conhecida talvez seja a escocesa, que também é semelhante à da galícia em forma. As melodias, diz a capa, são tradicionais escocesas, mas é perceptível que outras gaitas, principalmente os uillean pipes (irlandesa, ouvida bastante no som dos Chieftains), foram usadas além da escocesa, que é predominante.

Em várias, há um acompanhamento de instrumentos-ambiente, pendendo um tantinho pro neo-celta, ou pro lado Brave Heart, se o leitor preferir. A versão de Greensleeves (música tradicional renascentista, de autor anônimo) é disto bom exemplo.
Se são melodias tradicionais escocesas ou contemporâneas no estilo celta, é difícil dizer. A julgar pelos títulos de cada música, eu diria que o álbum mistura dos dois, mas vale lembrar que muitas vezes uma música é rebatizada pelo artista ou intérprete, principalmente tratando-se de melodias de nomes desconhecidos.

O link do torrent está nos comentários.

Music of Eire


Eis mais uma gloriosa compilação, das antigas. Seu início remete ao grupinho de músicas que eu achei no Lime Wire, que originou I Aldar e os adendos de Dance of The Celts, que eu ainda estou para postar.

Music of Eire é um disco de música puramente irlandesa, interpretadas por grandes nomes da música tradicional, a saber:
Os Wolfe Tones fazem um som deveras ufanista, enaltecendo seu país e seu Exército Rebublicano, e muitas vezes com uma língua afiada para o lado dos igleses. God Save Ireland, em duas versões neste fabuloso álbum, é o hino não-oficial cantado pelos patriotas irlandeses lá pela década de 20; Come out Ye Black And Tans, também em duas versões, é um ardiloso cântico de provocação ao domínio inglês, e The Orange and The Green é uma (triste?) metáfora cantada por uma espécie de Irlanda encarnada, pressionada e confusa entre a cultura Protestante (laranja) e Católica (verde), representados pelos pais do narrador.
Os Dubliners, que também chegam a fazer este tipo nacionalista anti-inglês (vide Four Green Fields, lamento de uma velha e orgulhosa senhora que perdeu suas terras e não teve todas devolvidas), mas que parecem gostar mais da música tradicionalzona, vide I'll Tell Me Ma e The Wild Rover. Tradicionalzona, essa, que é especialidade dos Chieftains, com sua formação instrumental inigualável, que descreverei em mais detalhes em postagens futuras. Neste álbum sua participação é menor, mas louvosa, principalmente por Ta Mo Chleamnas Deanta (com Van Morrison) e Shady Grove.
Straight Furrow, aquele das cordas e flautas, neste disco contribuem com Spancil Hill (original de Fairmount Hill, vista em The Meanest of Times) e com uma versão aplaudível de Star of the County Down.

Eire, para quem não sabe, é o próprio nome da Irlanda em Gaelige, língua celta irlandesa.
Bom proveito!

Folque


Não é celta. Não, senhores. É norueguês. Mas lembra. O estilão é a música tradicional do norte da inglaterra. Se Tolkien já poemizou lendas nórdicas, por que eu não haveria de postar sobre esta fascinante banda?
Trata-se dum conjunto de "folk rock" norueguês da década de 70. Este álbum que apresento é o primeiro, o menos "rock" e o mais "folk". Para quem gosta do fiddle, Folque é um prato cheio. As músicas são vocalizadas por uma certa Lisa Helljesen, talentosíssima. Algo semelhante ao banjo, uma guitarra, um violão e uma flauta ocasional, outras variações de cordas e a percursão dão conta do pano de fundo. Em Sjugur Og Trollsbrura e Allison Gross, um rapaz de voz também respeitável faz as vezes do vocal principal, acompanhado por Lisa. Aliás, andei dando uma pesquisada, e descobri ser Allison Gross uma balada a respeito da mais feia das bruxas dos países do norte.
São, na maioria, melodias alegres, porém um tanto frias, como exalassem o clima norueguês típico. É curioso que minha vontade de ouvir este álbum sempre surge em dias muito frios, ou pouco frios e encobertos.
Vale a pena desfrutar deste som exótico, que se diz rock, mas que é mais tradicional nórdico do que qualquer outra coisa.

Nos comentários, um 4shared e um torrent.

Qëlthlóne


Animadíssima compilação de músicas a priori desconexas, mas inacreditavelmente parecidas. A estrutura delas é, em linhas gerais, a base em cordas (não tenho certeza se é um violão estridente ou uma guitarra elétrica de som primitivo), a melodia na flauta e um ocasional acordeão, também de pano de fundo. São melodias célticas, tradicionais, daquelas que nem se sabe o autor. De duas sei que o intéprete é o Straight Furrow (aquele das músicas flauto-violonosas em I Aldar), e desconfio que o da maioria do resto do álbum também.
Recomendo a flauta de Hills e o flautim de Rakes of Kildare. The Wise Maid apresenta uma gama maior de instrumentos, mesclando flauta, fiddle e acordeão na melodia principal, meio ao estilo Chieftains, com o piano e o violão (ou guitarra) característico deste álbum ao fundo.
Mas falando em característico, vamos falar do que distoa: o hino de independência da Irlanda, God Save Ireland não tem nada a ver com o álbum. Mas eu gosto tanto dele que, poxa, deixa ele aí. Mais a frente postarei uma compilação de músicas irlandesas com mais duas versões desta obra de arte.
O outro distoamento é Reels and Laments, que foi deixado aí por ter, no fundo, algo a ver, e para quebrar esta vivacidade isômera que corre pelo resto.
Na busca de um título, este redator aficciondo por Tolkien recorreu novamente ao élfico. Em Quenya, hlóne é o termo para "som", no sentido de reproduzi-lo ou tocá-lo. Qëlt teria sido uma transliteração da palavra "Celt" para a grafia élfica, mantendo-se a fonética inglesa (sim, em inglês, pronuncia-se "quelt"). O trema no "e" é usado por Tolkien para indicar que a pronúncia do "e" é feita similarmente à pronúncia latina desta vogal, e não à inglesa. Fazendo uma aglutinação que buscou seguir a norma culta do Quenya, cheguei em Qëlthlóne.
A capinha é de autoria própria, com muito orgulho.
Espero que agrade!
O link está nos comentários.

Celtic River


Fiz pouco caso deste álbum de nome nada criativo, de capa que induz a lembrança de New Ages podres, que encontrei meio solitário no Pirate Bay. A idéia era mesmo ver se algo prestava entre essas músicas.

Mas, olha...
O álbum venceu qualquer baixa expectativa que eu pudesse ter. A primeira música escancarar-lhe-á o queixo, com a introdução de um espirituoso Fiddle sobre uma base violonosa, seguido de uma flauta majestosa.

As inspirações parecem ser muitas, de quem quer que seja o artista dessas músicas. Dace of The Dee conta com um violão que cheira a Richard Searles. Os diálogos entre flauta e Fiddle remetem a intérpretes de música tradicional irlandesa como The Chieftains. Em Cinnuit, a gaita de foles solo cantarola algo meio escocês, quase lembrando a trilha sonora de Coração Valente, e mais adiante é acompanhado por um piano, que, embora quebre a ambientação puramente celta, introduz outra, diferente, mas não menos interessante. As flautas de Catch the Moments as they Fly e de Warlock's Fife remetem diretamente ao estilo Ian Anderson de flautear.

As melodias são claramente contemporâneas, isto é, não são reproduções de coisas tradicionais, mas nem por isso perdem seu mérito. O estilo celta do álbum chega a beirar o New Age, mas sem jamais desmerecer-se. Ritmos calmos, com base pianística e, quem sabe, um acordeão, fazem uma mistura um tanto heterogênea com os ritmos pulantes de outras faixas; ainda assim, parece ter uma unidade neste conjunto todo, que me impedem de desmembrar impiedosamente este conjunto de faixas celtico-contemporâneas de qualidade bastante interessante, escondidas por trás de um nome-nada e uma capa meia-boca.

O link está onde sempre estará. Dessa vez é um torrent.

The Meanest of Times


Aos que acham que roquenrou não é música, me perdõem, pois este blog lhes parecerá varzeado a partir desta postagem.
Aos que estão dispostos a acompanhar a idéia de "música celta e derivados" deste redator, apresento-lhes (aos que não conheçem, evidentemente) Dropkick Murphys.

Banda de irlandeses americanos, de Boston, atual, classificada como Punk, às vezes como Punk céltico. Com esta classificação não simpatizo muito. O som é, de fato, pesadão, curto e grosso, como é de praxe ao estilo Punk, mas, lá no fundo, o estilão irlandês tradicional dos músicos dá mais vontade de chamar-lhes a banda de Rock Irlandês.
Enquanto boa parte das composições é própria, o Dropkick faz algumas interpretações de músicas tradicionais irlandesas, como Johnny I Hardly Knew Ya, presente neste álbum.
A formação da banda é provavelmente o mais bacana: duas guitarras elétricas distorcidas, um bandolim ou banjo, um baixo elétrico, bateria, dois vocalistas meio berrantes e piratosos (um deles é o baixista), um acordeão e uma gaita de foles, cujo gaitista també toca flauta e flautim. É de fato uma galera no palco fazendo um som melodicamente irlandês, puxadão no Punk, que quase lembra aquelas músicas que as pessoas associam a piratas (lembrando-se que piratas não ouviam música).

O som de início de The Meanest of Times, Famous For Nothing, já apresenta ao ouvinte uma boa noção da banda: uns acordes de acordeão e sopros da gaita de foles acompanham as guitarras e os dois vocalistas que alternam em seus gritos animados e se juntam nos refrões aos guitarristas e ao baterista, dando a impressão de uma multidão de irlandeses entoando um hino.
O álbum engata a marcha tradicional irlandesa em The State of Massachusetts, minha favorita pessoal, e depois, ao longo do álbum, surtos irlandeses são bem perceptíveis em Flannigan's Ball, Fairmount Hill, Loyal to No One, Johnny I Hardly Knew Ya e Never Forget, mas sempre deixando belos rastros pelas faixas entre essas.

Mais que indicado aos que curtem um som um pouco mais pesado de vez em quando e aos que buscam se animar pra valer com melodias céltico-irlandesas.

Link nos comentários

Celtic Cross


O ouvinte pergunta-se, logo na primeira música, se este redator pretende realmente divulgar exclusivamente o gênero celta, ou se ele não tem também uma queda pelo gênero renascentista.
De fato, eu não pretendo me limitar ao gênero celta, mas comentar e divulgar seus entornos temporais e estilísticos também. Mas este não é bem o caso deste álbum.
Cabalgata é, sim, uma música no estilo renascentista (e então entendamos que estilo renascentista e composto na renascença não são dois conceitos necessariamente congruentes), mas logo que ela passa, o ouvinte já tem certeza de que ouve um disco de música celta.
É inegável que o estilo celta de Searles é bastante puxado no renascentista, mas ainda assim não deixa de ser celta.

Se o álbum andar numa certa constância, que não incomoda mas não exalta nada, isto será quebrado em Abercairney House, o cume de beleza deste disco, segundo minha humilde opinião.
A partir dela, o ritmo vai lentamente decaindo até atingir novamente uma constância, apenas com melodias diferentes, mas instrumentalizações parecidas. O contraste novo aparece em Clan Ranald, em que o violão faz-se mais grave, o cravo acompanha, e o oboé e a flauta brincam com uma melodia celtico-renascentista.

Este modelo de ritmos médio-lentos e instrumentalizações similares com contrastes vai se repetindo até o fim do álbum, o que não fazem dele de forma alguma sem graça, mas provavelmente não tão peculiar quanto Ancient Isles.

Link nos comentários.

Ancient Isles


Numa dessas jornadas que se faz pelos cantos da internet, à busca do que se sabe que será difícil encontrar, procurando, digamos, pelo que procurar no que tange à música celta, deparei-me com esta figura, Richard Searles. Seus discos são de fazer arregalar os olhos e gelar as idéias. Encontrei-os todos num oásis, que fornecia-me tudo o que um bom caçador de música precisa para conseguir álbuns: seus nomes e artistas.

O homem é violonista, compositor e intérprete de música celta, renascentista e medieval, viajante das Ilhas do Norte, conhecedor de culturas e mitologias e muito bem inspirado. Suas composições giram em torno do violão, mas são, a depender do estilo predominante do álbum, temperadas com cravo, outro violão, tabla, flauta, alaúde e sons ambientes naturais (usados com bom gosto, claro).

Ancient Isles pode ser considerado quase puramente celta, e um dos seus discos mais calmos e meditativos. Não chega a ser próprio para pegar no sono, como alguns discos desse gênero celta-quase-new-age, mas é dos mais recomendados para momentos de reflexão e apreciação da natureza.
Começa com os trovões de The Storm, seguidos por uma melodia imponente e pacífica, como é o mar. O disco inteiro coloca o ouvinte atento em um ambiente vespertino, isolado, à beira mar, num ritmo calmo e céltico, esporadicamente quebrado por temas renascentistas, mais animados e dançáveis.
Lá por volta de Sylvan Revels, o ritmo aumenta um tanto e o gênero celta e marítimo se desloca um pouco para o renascentista, o que dura até The Shaman, quando a idéia inicial é retomada, trazendo um pouco mais de vivacidade e enchimento de sons ambientes. Song of the Wind, como bem sugerido pelo nome, traz ao rosto do ouvinte aquela brisa que talvez tivesse ficado ausente durante o resto do álbum.
Emerald Dream talvez seja a última referência à música renascentista, onde se ouve inclusive a intervenção de um oboé, exceto se o ouvinte considerar a última faixa, Elvin Dance, que me parece mais uma combinação de ambos os estilos numa dança de finalização bastante simpática, que deixa saudades deste álbum.

Recomenda-se ouvir a obra na praia, de noite, sozinho. Depois de uma vez feita essa experiência, posso garantir que durante muito tempo a sensação do álbum mesclado com o mar ficará guardada entre estas músicas.

Link nos comentários.

I Aldar


Trata-se de uma das primeiras compilações que fiz, e desde que a fiz, passou por diversas transformações, teve músicas adicionadas e excluídas, e recebeu já alguns nomes e capas. Esta seria, talvez, uma versão "definitiva" do álbum; definitiva entre aspas porque nunca se sabe quando encontrarei novos candidatos a este álbum.

O álbum traz faixas com o som predominante de flauta ou flautim, muitas vezes com acompanhamento em cordas, principalmente pela grande contribuição da banda Straight Furrow, cujas músicas encontrei soltas por aí. O violão solo também aparece nas três faixas interpretadas por William Coulter, cujos álbuns na íntegra foram exaustivamente procurados para download grátis, sem sucesso.
Também é marcante o som da gaita de foles, sobretudo das Uillian Pipes, instrumento típico irlandês, como será ouvido em Blackhall Rocks, da Battlefield Band.
Inisheer foi tirada de um disco chamado Dance of the Celts, e mistura de uma forma meio homogênea o som do acordeão e da gaita de foles, com um piano fazendo a base melódica, o que chega a fogir um pouco ao conceito do álbum, mas não o suficiente para que não tivesse sua vaga garantida nele.
A harpa também aparece em faixas como Loch Lomond, como acompanhamento, e em Celtic River, como som principal.

O conjunto faz um som bastante bucólico, relaxante, e melódico. Durante as baixâncias de músicas que compuseram esse álbum, procurei muito faixas ao estilo Senhor dos Anéis. Três músicas são vocalizadas por vocalistas feminias, algo entre Enya, Loreena McKennit e a vocalista da banda Folque, e uma é cantada pelo vocalista da Battlefield Band.

O disco já foi reproduzido ao lado de uma cachoeira, e, diga-se de passagem, foi muito bem apreciado. Recomendo-o, e o considero dos melhores conjuntos de música celta calma.

Link para download nos comentários.

Salve!

Inicio, pois, este blog com o intuito de compartilhar interneticamente o som da música celta. Faço isso, tendo percebido o relativo desconhecimento de muitos sobre este gênero musical, e a admiração de muitos ao ouvi-lo pela primeira vez.
Eu mesmo dou o crédito da minha descoberta desse estilo à trilha sonora dos filmes do Senhor dos Anéis. Naturalmente, hoje não considero ela propriamente celta, mas a inspiração de certas músicas, como Concerning Hobbits, na música celta é bastante evidente, e não titubeio em afirmar que as considero de ótima qualidade, bem como os próprios filmes.
Tal foi minha dificuldade em encontrar música celta das boas por aí que juntei muitas das gravações avulsas que encontrei por aí em compilações minhas, que batizei com nomes meus, e capas minhas. Outros discos, encontrados por sorte, acabaram sendo desmembrados, tendo as músicas separadas e distribuídas entre os poucos CDs que se encontra no exterior (pois os que se encontra no Brasil são ridiculamente caros), algumas sendo inclusive deletadas, por cruzarem a linha entre música celta e new age podre.
Explico, então, o título do blog. I Aldar foi o nome que dei a uma compilação que fiz, uma das priemeiras, e significa "As Árvores", em Quenya. Quenya, ao leitor que não sabe, trata-se de um idioma élfico, criado por J.R.R. Tolkien, falado pelos Altos Elfos, residentes de Valinor.

Espero que esteja de agrado!
Abração!