Ian Anderson


(Foto de Anabel Antinori.)
Foi de estarrecer.
Ian Anderson veio flautear e cantarolar em São Paulo ontem a noite, e foi ovacionado por este redator, que o assistiu a cerca de 5 metros de distância, na pista do Credicard Hall. Vi o que todo fã desta lenda da flauta e do progressivo deseja ver, vi os olhinhos de Anderson se esbugalharem, vi seu bigode se mexer, vi o cuspe saindo de sua boca e sua flauta descrevendo curvas no ar e reluzindo o som de Thick as a Brick.
Foram entoados os lássicos: Living in the Past, Thick as a Brick, Songs From the Wood, Aqualung, Up to Me, Budapest, Bourée, My God... mais uma e outra extra-recentes, uma composta na Índia, quando Anderson fazia shows lá, e outra a respeito de certo coelho que invadiu sua fazenda e teve fim trágico, proporcionado pelo cachorro do escocês.
O homem, muito simpático, conta uma e outra história, e apresenta suas músicas.
Não se descreve a emoção de ver e ouvir Ian Anderson a uma distância tão pequena.
O show foi terminado com uma versão extendida e recheadas de solos e improvisações de Aqualung e, minutos depois, coroado com Locomotive Breath, o melhor bis que um fã de Jethro Tull poderia pedir.

Anderson e o Jethro Tull serão com muito orgulho incluídos nas bandas apresentadas e comentadas neste singelo blog, a partir de agora. É a homenagem mínima que devo a este ídolo.
Trata-se de uma banda de rock progressivo que vem aí da década de 70 e 80 até hoje (hoje, contudo, sustentada mais por Anderson e outros músicos).
O homem que dá nome a esta postagem é o flautista, violonista, vocalista e outros istas desta banda. O que começou como uma banda de blues (vê-se a influência do blues bem marcada em Stand Up, segundo álbum da banda), foi se convertendo em algo bem puxado no celta e no folk (não entendamos folk como sinônimo de caipiras americanos), à medida que eles foram evoluindo.
Gaitista a princípio, Anderson tentou o violão/guitarra, mas deixou de investir no instrumento por não ter esperança de "ser tão bom quanto Eric Clapton". Passou a tocar flauta, e introduziu o intrumento no rock de forma inédita, a contragosto dos produtores da banda, que preferiam que Anderson deixasse de cantar e flautear e fosse tocar violão com os outros músicos.
A certa altura, pouco depois do sucesso de Aqualung, o músico arranjou-se em uma fazenda e impregnou-se de um espírito bucólico, passou a vestir-se de camponês nos shows, deixou que crescesse a barba, e fez Songs From the Wood, Heavy Horses, Stormwatch, e Thick as a Brick, este último sendo um álbum lendário, composto de uma única música homônima de 45 incansáveis minutos, todos com uma forte influência celta.
Mais adiante, o Jethro Tull foi tomando um rumo mais eletrônico, marcado por A, e terminado na época de Crest of a Knave, que ainda tem surtos célticos, e que levou ao mundo Budapest, maravilhosa obra de 10 minutos.
A seguir, a banda tomou um rumo hard-róckico, bem representados por Catfish Rising e Rock Island.
Com a separação da banda, Anderson continuou com carreira solo, no mesmo estilo - vide o primoroso The Secret Language of Birds -, levantando em muitos a idéia de que "Jethro Tull = Ian Anderson". O flautista interpretou suas músicas com a orquestra Neue Philharmonie Frankfurt, e lançou um álbum erudito: Ian Anderson Plays the Orchestral Jethro Tull, de alguma forma semelhante a A Classic Case, lançado pelo Jethro Tull anos antes.
A sua flauta ficou ausente em poucas músicas desde que apareceu na sua música, e seu carisma, seus trejeitos, pulos e estilo único nunca se ausentaram.
Ainda gaitista, Ian tinha o hábito (alguns dizem involuntário) de tocar em uma perna, e manter a outra erguida. A posição ganhou imagem e tornou-se marca registrada da banda e do flautista.

Que o leitor fique, aqui, não com um álbum, ainda, mas com quatro apresentações da banda em seus dias áureos. Respectivamente, Aqualung, Locomotive Breath, Songs From the Wood e Thick as a Brick.




2 comentários: